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Dia Internacional da Mulher

02 de Março de 2017

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Nós mulheres temos muito o que dizer, mas precisamos ser ouvidas para muito além do mês de março. Chega o 8 de março e dá para se sentir como no filme O Feitiço do Tempo, aquele com Bill Murray: ficamos presas a um incansável Dia da Marmota, que se repete vezes sem fim, em uma espécie de bug na malha cósmica do tempo. Homenagens toscas que ignoram completamente o significado político da data, mensagens de como somos lindas e multitarefas, congratulações vazias ("parabéns" e "feliz dia" exatamente pelo quê? Não é como se fosse aniversário ou Natal, minha gente), e por outro lado, a luta para lembrar que não existimos para ser enfeite, que há reivindicações importantes, e sobre como ganhar flores não resolve os problemas de violência, de falta de oportunidades e de direitos. No filme, o personagem Bill Murray tem pelo menos a chance de agir e falar de outra maneira quando o dia se repete. Do lado de cá, estamos predestinadas a repetir as mesmas falas todo ano. Se é preciso repetir tanto, pode ser porque não ouvem. Ou porque não querem que a gente fale de outra coisa? Ás vezes até querem que a gente fale, com data certa, espaço reservado, tema definido. E ficou decidido que o momento para isso seria o Dia da Mulher. Claro, é maravilhoso aproveitar esse dia para trazer mais visibilidade para os temas importantes para as mulheres (que são de importância para toda a sociedade). Mas existem outros 11 meses e um monte de assuntos que podemos tratar.

Pode ser muita loucura isso, mas também existimos em dias que não são 8 de março. Ou pelo menos, tentamos existir.
 
Nazare Carvalho - Jornalista

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