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8 de março – ‘Talk show: Mulher no Mercado de Trabalho’

09 de Março de 2022

Por mais que o artigo 461, da Consolidação das Leis do Trabalho, criada em 1943, garanta a igualdade salarial, “sem distinção de sexo”, desde que a função exercida seja a mesma e no mesmo estabelecimento empresarial, e que o inciso XXX, do artigo 7º, da Constituição Federal do Brasil de 1988, proíba “diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil”, a realidade brasileira mostra o contrário.
De acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2019 as mulheres receberam 77,7% dos salários dos homens e, apenas 34% dos cargos de gerência são ocupadas por mulheres, mesmo tendo mais anos de estudo.
Por conta desse contexto, o Núcleo de Apoio Psicológico e Educacional (NAPE) da Faculdade Pio Décimo, preparou, no dia 8 de março – Dia Internacional da Mulher, o ‘Talk Show: Mulher no Mercado de Trabalho’. Segundo a idealizadora do evento, a Coordenadora e psicóloga do NAPE, prof.ª Thereza Emília, o objetivo foi promover uma conversa, com alunas e alunos da Faculdade, sobre a presença feminina no mercado de trabalho.
Para falar sobre liderança feminina, a convidada foi a primeira mulher ocupar o cargo máximo de Reitora do Instituto Federal de Sergipe (IFS) - e, também, a primeira mulher reitora no estado sergipano -, prof.ª Dr.ª Ruth Sales Gama de Andrade.
“Chegar à Reitoria, realmente, foi uma caminhada desafiadora. Mas, eu costumo dizer que quando a gente quer, a gente faz. E, eu me espelho muito em mulheres que trabalharam bastante, lutaram e conquistaram [os direitos] para que hoje eu pudesse estar ocupando esse lugar. Essa história não vem de hoje”, relata a Reitora do IFS.
A Reitora do Instituto afirma se sentir gratificada em poder utilizar, com compromisso e responsabilidade, a Educação para a transformação social.
“Me vejo nessa responsabilidade porque nós somos a elite pensante desse país e, temos que, sim, dizer não à opressão e trabalhar as questões políticas sociais para que a mulher, realmente, seja respeitada e que possa ocupar o lugar que ela deseja”, ressalta.
Para a Gestora, o Dia Internacional da Mulher é uma data para comemorar as conquistas das mulheres, mas, também, é um dia de reflexão.
“O que a gente vê ainda hoje, em pleno século XXI, é essa tentativa de tirar os direitos das mulheres, de não valorizar tanto quanto um homem. A mulher, quando ela está na gestão, precisa provar 24h por dia que é comprometida e competente. Mas, percebo, também, que nessa caminhada existem inúmeras conquistas, mas que ainda há muito o que se conquistar.”
A mestra em História Contemporânea, prof.ª Luciana Gama de Andrade, convidada para o ‘talk show’ para falar sobre o empoderamento feminino que, de acordo com ela, é “uma consequência do movimento feminista - que luta pela igualdade entre gêneros -, porque o empoderamento feminino é a noção de ter poder sobre si mesmo. Sobre ter noção dos seus próprios direitos, do espaço que ocupa e de que outros espaços desejam ocupar”.
Para a historiadora, houve uma evolução da presença feminina no ambiente profissional. Como exemplo desta evolução, a historiadora cita que antigamente as mulheres precisavam da permissão dos maridos para poder trabalhar e que “muitas vezes o pedido era negado, pois a independência econômica é o primeiro passo para uma independência total”.
“Hoje eu vejo um avanço profissional da mulher, mas temos muito o que avançar. Pois, ainda vemos homens e mulheres ocupando as mesmas posições com diferenças salariais horrendas”, acrescenta. 
A especialista em história contemporânea ressalta que o Dia Internacional da Mulher é para todas as mulheres. “Eu não consigo pensar, por exemplo, em um Dia Internacional da Mulher que seja somente para mulher cisgênero, heterossexual e branca. Eu penso que o gênero vai muito além da biologia e que essas mulheres – por mais que outras queiram negar a presença delas – elas existem, estão conosco e precisam, também, ter benefícios na luta. Enquanto uma mulher for oprimida, todas serão oprimidas.”
A cantora e egressa do Curso de Psicologia da Faculdade Pio Décimo, Patrícia Moreno, participou do ‘talk show’ levando a mensagem do que é ser mulher através da música. A primeira canção escolhida para abrir o evento foi “Rompendo o silêncio” e, para Moreno, romper o silêncio é “a forma de contribuir para que outras mulheres não sofram o que você está sofrendo e de libertação”.
“Que nós continuemos com a nossa luta. Claro, não perdendo nossa feminidade, doçura, sensibilidade, mas sempre buscando o seu lugar na sociedade, no mercado de trabalho, na família. Em tudo”, afirma Patrícia.
A aluna do 5º período de Psicologia e bolsista do NAPE, Savéria Quintana, que participou da organização do evento, observa que “a depender da profissão há uma rejeição explicita da separação da função e reconhecimento das mulheres no mercado de trabalho” e cita a área da Engenharia, onde a participação das mulheres vem crescendo, mas que ainda é inferior à masculina. 
O professor de português/espanhol e aluno do 9º período de psicologia da Faculdade Pio Décimo, Aderjan Albert, preparou uma exposição, no evento, sobre a biografia de 10 escritoras pretas reconhecidas estadual e nacionalmente, como Conceição Evaristo e Carolina Maria de Jesus.
A exposição é fruto da pesquisa de mestrado, em andamento, onde investiga a importância de narrativas escritas por mulheres pretas e como elas interferem na formação docente. O objetivo da exposição, segundo Aderjan, foi apresentar as escritoras para que os estudantes possam utilizá-las como referência durante a sua vida acadêmica e/ou pessoal.
De acordo com Aderjan, para combater o machismo, uma das principais causas da violência contra a mulher, é necessário que a sociedade, principalmente os homens, reconheça que esse preconceito existe para poder ser combatido.
“Os homens precisam ter consciência de que existe essa discrepância e disparidade no que desrespeita ao gênero e a sexualidade. Reconhecendo os nossos privilégios, devemos buscar e lutar para que as mulheres estejam em lugar de igualdade.”
Segundo a historiadora, os homens podem e devem ajudar as mulheres no combate ao machismo “compreendendo que a forma como as coisas estão postas não são boas para eles também. E que podemos construir um mundo mais justo, igual e solidário”.
Também estiveram presentes no evento a Diretora Acadêmica da Faculdade Pio Décimo, Lenalda Dias, a Coordenadora do Curso de Psicologia, Letícia Tunala, a Coordenadora Adjunta do Curso de Direito, Denize Marques, a Coordenadora da Biblioteca, Edma Evangelista, a Coordenadora do Núcleo de Educação à Distância, Adriana Seixas, a Coordenadora do Núcleo de Extensão e Responsabilidade Social, Sônia Azevedo, e as professoras do curso de Psicologia, Dr.ª Mônica Silveira e Ma. Martha Batista, além do Coordenador do Curso de Direito, Hamilton Santana, e o Assessor da Direção Acadêmica, Francisco Diemerson.

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