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DCE da Faculdade Pio Décimo realiza roda de conversa: Pela Voz Trans

04 de Abril de 2022

No Dia Internacional da Visibilidade Trans, 31 de março, o Diretório Central dos Estudantes (DCE), da Faculdade Pio Décimo, realizou a roda de conversa - “Pela voz trans” -, com o objetivo de oportunizar o conhecimento e discussão sobre a realidade social das pessoas trans.
No Brasil, em 2021, foram registrados 140 assassinatos de pessoas trans – sendo 135 travestis e mulheres transexuais, e 5 homens trans e pessoas transmasculinas -, segundo dados do Dossiê Assassinatos e Violência Contra Travestis e Transexuais brasileiras em 2021, publicado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
Pelo 13º ano consecutivo o Brasil continua sendo o país que mais assassina pessoas trans, de acordo com o relatório de 2021, da Transgeder Europe (TGEU), publicado em 23 de janeiro de 2022.
Para a Presidente do DCE e estudante do 6º período de Direito, Camilla Mecenas, levar a temática LGBTQIA+ para dentro do ambiente acadêmico é uma forma de tentar amenizar o preconceito existente na sociedade. “É bem notório como a transfobia, homofobia e todos os preconceitos relacionados a comunidade LGBTQIAP+ estão muito presentes, seja no ambiente de trabalho ou acadêmico. E, eu fico bastante contente com o fato de não apenas promover essa roda de conversa, mas pelo interesse dos alunos em querer desconstruir esse preconceito”, afirma.
A primeira mulher trans eleita para um cargo público parlamentar em Aracaju e no estado de Sergipe, Linda Brasil, participou da roda de conversa e falou sobre a vivência transsexual em espaços políticos. “É muito importante a gente participar da política, porque a falta de representatividade faz com que algumas políticas públicas para a nossa população [trans e travestis] não sejam nem discutidas e, principalmente, aplicadas”, ressalta a vereadora.
Durante a graduação em Letras – Francês e Português, na Universidade Federal de Sergipe (UFS), Linda Brasil sofreu transfobia ao não ter seu nome social respeitado por um professor. Após entrar com um processo administrativo, a UFS regulamentou, através da portaria n° 2209, o uso do nome social de travestis e transexuais nos registros acadêmicos da Universidade.
Linda Brasil foi a primeira mulher trans a se formar na UFS e afirma que a falta de respeito ao nome social é umas das questões de políticas públicas que precisam ser trabalhadas no munícipio. “O acesso a saúde ainda é muito deficitário, a segurança pública, a educação – muitas pessoas acabam se evadindo dos espaços escolares por falta do respeito a identidade e nome social - e a questão do uso do banheiro [por pessoas trans]”, diz Linda.
O psicólogo e criador do projeto Transformarte, Bernardo Vincente, também esteve presente no evento e falou sobre os impactos psicológicos causados pela transfobia. “A sociedade ainda não está preparada para lidar com as diferenças e cada vez mais isso ‘tá’ afetando à população trans - causando depressão, ansiedade e aumento no número de suicídios”, destaca o psicólogo.
Para Bernardo, o evento é uma oportunidade que as pessoas tem para perguntar como pode contribuir e o que pode evitar para que o respeito à diversidade seja garantido. “Aqui é o lugar certo. Nas instituições de educação devem ter esse ensino. As pessoas precisam estudar sobre a comunidade LGBTQIAP+, porque muitas vezes a gente ‘tá’ nessa situação porque as pessoas não estudam, não entendem e não tem o interesse em procurar”, afirma.
Segundo o egresso de Direito da Faculdade Pio Décimo, Henrique Andrade, voltar a debater essa questão na Faculdade, agora como Presidente da Comissão de Direitos LGBTQIA+ da OAB/SE, é gratificante, especialmente quando é um incentivo dos próprios estudantes.
Para Henrique, em relação a garantia dos direitos, a legislação brasileira para as pessoas trans tem avançado, porém esse avanço precisa acontecer com todos os Poderes e, principalmente, com a participação da sociedade civil. E para esse avanço aconteça “a gente precisa promover um debate nacional com a comunidade e com os poderes [Executivo, Legislativo e Judiciário]. É indispensável. Sem apoio da sociedade civil, através de eventos como esse, a gente não vai conseguir”, ressalta o advogado.

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